GRANDE LOJA NACIONAL PORTUGUESA, Maçonaria Tradicional ou
Regular.
Raízes, História e Actualidade
Raízes, História e Atualidade (2009) da Maçonaria Portuguesa |
A Grande Loja Nacional Portuguesa é uma Obediência maçónica
masculina, portuguesa que foi constituída com 4 (quatro) Lojas, 50 Obreiros, em 1996 e provenientes
da Obediência regularmente consagrada pela Grande Loja Nacional Francesa,
denominada por Grande Loja Regular de Portugal.
Esta última Obediência sofreu ainda
uma outra cisão em 1996 que resultou na formação da Grande Loja Legal de
Portugal - GLRP.
A Grande Loja Nacional Portuguesa foi formalmente
constituída a 09 de Março de 2000, no Cartório Notarial de Macedo de
Cavaleiros, tendo sido reconhecida de imediato pela Maçonaria Regular (Continental), em contraponto com a Maçonaria Regular (Insular) que
reconheceu a Grande Loja Legal de Portugal- GLRP.
A Maçonaria tradicional ou regular continental assume a
presença em Loja das chamadas Três Grandes Luzes da Maçonaria: o Esquadro, o
Compasso e o Volume da Lei Sagrada. A Maçonaria praticada inspira-se na
habitual Tradição da cultura maçónica de inspiração judaica-cristã,
iniciando os seus trabalhos com a Bíblia aberta no prólogo do 4º Evangelho,
João.
Toleram ainda a presença de outros Volumes da Lei Sagrada, junto à
Bíblia, no momento da prestação do juramento profano, no dia da iniciação, se a
pessoa a ser admitida pertencer a uma religião diferente. A Bíblia na Maçonaria
tradicional representa um símbolo e não é interpretado como um
livro de qualquer religião revelada, mesmo que seja a do novo iniciado.
Na Maçonaria regular continental não é usado um livro em
branco, ou a própria Constituição da Obediência, como se pratica noutras
Obediências. Para estes maçons, o livro branco é considerado um arquétipo
carente de sentido. E, praticando eles uma Maçonaria Tradicional ou de
regularidade continental, a presença de um livro em branco não representa
qualquer tradição, nem transmite qualquer origem.
A Maçonaria regular continental ou tradicional reconhece o
Grande Arquitecto do Universo como um Principio. O Princípio da causa activa e
original, considerando-o assim um símbolo menos redutor e menos determinante
que a interpretação de Deus revelado das religiões e com enfoque metafísico
acessível à razão humana. Para eles, o conceito tem a vantagem de conciliar as
religiões dogmáticas e as religiões que não reconhecem a existência de um Deus
criador ou de um demiurgo. Daí procuram o universalismo, praticando desta forma
o Rito Escocês Antigo e Aceite que consideram assim ascender do incognoscível
ao cognoscível, de vincular o visível e o invisível, de propor uma união do
humano com o divino.
O rito que praticam na Grande Loja Nacional Portuguesa não
deve ser confundido com religião e sentimento religioso. O Rito Escocês Antigo
e Aceite que praticam desde a fundação da Grande Loja e na sequência do mesmo
que foi desenvolvido na Europa, não é por estes maçons entendido como um
substituto da religião, pela razão de que não se entregam a uma verdade
revelada e não vão à Loja para adorar nela o Eterno. Trabalham em sua Glória e
praticam a evocação do Grande Arquitecto do Universo no caminho do
transcendente, cabendo a cada um desses maçons interpretar esse símbolo em
função do seu próprio entendimento.
Consideram-se uma Obediência exclusivamente masculina por
não aceitarem a maçonaria envolvida numa confusão de géneros. Aceitam a
liberdade das mulheres mas não consideram essa igualdade como um sinónimo de
uniformidade ou de identidade. Consideram existir diferenças entre o homem e a
mulher, concretizadas pela lei da natureza. Como se relacionam tendo por base a
Tradição, têm em conta os Antigos Deveres dos Maçons que publicam nos seus
rituais: tanto a maçonaria dos Antigos como a dos Modernos é considerada uma
fraternidade de homens livres e de bons costumes. Esta interdição continua a
ser para eles uma marca fundamental da maçonaria regular ou tradicional que
assim foi considerada desde a sua origem, uma sociedade de construtores.
Consideram que a comunhão de espíritos e dos corações não se limita à prática
de um ritual pelo que fora dos Templos estão sempre abertos a todas as
manifestações de carácter fraternal.
No Rito Escocês Antigo e Aceite que praticam em exclusivo,
consideram-no um rito iniciático racional. Procuram demonstrar internamente que
os maçons não devem confundir Tradição com Conservadorismo, da mesma maneira
que não devem confundir Espiritualidade com Religião, Modernidade e Modernismo.
Não expondo assim, em qualquer circunstância, um processo iniciático aos olhar
público e profano.
Consideram a Tradição como algo que se transmite de uma
maneira viva, pela palavra, pela escrita e pelas diversas formas de actuar.
Dizem que a Tradição é a vida em movimento, segundo a ordem cósmica, até a um
melhor pensar, um melhor decidir, um melhor ser, fundamento do único progresso
que consideram digno dos potenciais humanos.Defendem que a Tradição é uma fonte
original que não se esgota nem se substitui. Por serem Tradicionais representam
uma vida de sentimentos, pensamentos, crenças, aspirações e acções.
Transmitem aquilo que gerações sucessivas têm igualmente que
perdurar e procuram legar como condição permanente de vivificação, de
participação numa realidade em que o esforço individual e sucessivo pode
alimentar-se indefinidamente sem esgotá-la. Sobre esta Tradição implicam uma
comunhão espiritual das almas que promovem, pensam e se querem unidas por um
mesmo ideal.Consideram que o Rito Escocês Antigo e Aceite é a autoridade da
Razão. Que a Razão procede a Fé, sendo estes dois elementos-chave da espiritualidade
do Rito que nada tem a ver com religiosidade. Explicam nas suas vinte e duas
Lojas que a Religião não é mais do que uma organização material, extrínseca à
espiritualidade. Ultrapassando assim o marco das religiões. Que a
Espiritualidade existiu antes delas, desde que o homem tomou consciência da sua
existência e da sua relação com o Universo. Explicam com insistência que o Rito
se caracteriza pela Razão e pela Fé; não da Fé numa verdade revelada, mas num
Princípio que se rege segundo leis imutáveis e suficientemente fortes que
denominam Grande Arquitecto do Universo. Segundo eles, um maçon esforça-se por
se conformar a uma Ordem, por actuar de acordo com umas regras para criar o seu
Templo interior. E, com a Razão e a Fé, acedem ao sagrado. Enquadrando desta
forma a Iniciação: o adepto não se trata como um demiurgo neoplatônico ou
gnóstico, de dominar a natureza e transformar o mundo, mas de aprender a
dominar a sua natureza e transformar-se a si mesmo para ver o mundo de outra
forma. Mediante esta ascensão que o leva ao transcendente, o maçon consegue
espiritualizar-se à sua maneira e, pessoalmente, de sentir a sua pertença ao
universo. Esta maneira pessoal produz-se primeiramente pela apreensão dos
pequenos mistérios que colocam o Homem no caminho de uma busca ampliada até si
mesmo e aos seus semelhantes. Segundo a Maçonaria Tradicional utilizam os
símbolos ou utensílios maçónicos para melhor conhecerem os elementos
constitutivos da sua existência. Chegam gradualmente a saciar a sua ignorância
original, aprendendo que o trabalho ajuda a corrigir os seus defeitos e os seus
erros.Com isto querem que o maçon tome consciência do valor da sua própria
existência, que aprende a venerar como bem inalienável que devem cultivar com
esmero.
Promoveram individualmente, como maçons, a criação de um
Supremo Conselho de Portugal do Rito Escocês Antigo e Aceite para que melhor
instruísse os elementos constitutivos dos graus seguintes, remontando alguns ao
século XIII. O seu espírito remonta a uma época muito antes do período
judaico-cristão; a sua filosofia é muito anterior à Antiguidade greco-romana. A
Grande Loja Nacional Portuguesa pratica a sua Maçonaria sem eliminar do seu
método de trabalho nenhum dos símbolos e mantendo o maior escrúpulo na
realização ritualizada do mesmo.
Mantém excelentes relações oficiais com mais de setenta
Obediências maçónicas mundiais. Com estes Tratados mantém uma esfera de
influência importante, a nível mundial, ao envolver-se na regularidade maçónica
tradicional. A Grande Loja Nacional Portuguesa organiza também conferências e
actos públicos de difusão maçónica e participa em iniciativas de interesse
social, mas mantém uma grande discrição e não se compromete ou envolve, como
Instituição, em temas ideológicos paralelos, deixando tais iniciativas ao livre
arbítrio pessoal dos seus filiados.
A Grande Loja Nacional Portuguesa encontrou-se sediada no
solar aristocrático barroco setecentista do Palácio dos Condes de Vinhais, em
Mirandela.
Esta Obediência é composta pelas seguintes Lojas: D. Afonso
Henriques nº 1, Fraternidade nº.2, Mestre Hiram nº. 3, Liberdade nº. 4,
Identidade nº. 5, Sabedoria nº. 6, S. Jorge nº. 7, Amizade nº. 8, Trabalho nº.
9, Fernando Pessoa nº. 10, S. Pedro nº. 11, Casa Real dos Pedreiros Livres da
Luisitânia nº. 12, Santiago nº. 13, Iberia Fraternitas nº. 14, David nº. 15,
Estrela do Oriente nº. 16, Coríntia nº. 17, Almeida Garrett nº. 18, Dómus nº.
19, Viriato nº. 20, Cavaleiros da Luz nº. 21, José Damião nº. 22, além da Loja
de Investigação Tomás Cabreira.
Integrando mais de 600 Obreiros e sendo uma das principais
Obediências nacionais, trabalha nos três primeiros graus simbólicos do Rito
Escocês Antigo e Aceite (1º grau, Aprendiz; 2º grau, Companheiro; 3º grau,
Mestre Maçon).
Criou o Centro de Estudos Fernando Pessoa que promove e
organiza colóquios e congressos, tendo realizado em Lisboa, no dia 25 de Março
de 2006, o I Congresso Maçónico aberto ao público, numa Universidade e
amplamente divulgado na comunicação social.
A Grande Loja Nacional Portuguesa integra ainda a corrente
de fraternidade interobediencial pan-europeia que a inspira, projecto maçónico
que foi inicialmente consolidante com a perspectiva da União Europeia e agora
alargado a todos os Continentes e que se denomina por Confederação das Grandes
Lojas Unidas na Europa. Fazem parte desta Confederação, para além da Grande
Loja Nacional Portuguesa, a Grande Loja de França, com 35 mil Obreiros, a
Grande Loja Tradicional e Simbólica – OPERA, a Grande Loja da Sérvia, a Grande
Loja das Canárias, a Grande Loja da Grécia, a Grande Loja Unida do Líbano, a
Grande Loja Nacional do Líbano, a Grande Loja Nacional da Roménia, a Grande
Loja Geral Italiana, de entre outras.
Em 2004 realizou-se no Porto e em Vila Real de
Trás-os-Montes a IV reunião do Comité da Confederação das Grandes Lojas Unidas
da Europa, na presença de 450 maçons, oriundos da Grande Loja Nacional
Portuguesa e de convidados de diversos países limítrofes e europeus. Esta
cerimónia foi presidida pelo Grão-Mestre português Álvaro Carva, estando como
Presidente da Confederação das Grandes Lojas Unidas da Europa, Jean-Claude
Bousquet e que foi Grão-Mestre da Grande Loja da França. Foi, nessa data,
criada por designers nacionais uma medalha comemorativa deste encontro.
O seu
dirigente nacional assume o título de Grão-Mestre, sendo o seu primeiro
responsável máximo Álvaro Carva, no mandato de 2000–2005.
Em 2005 efectuaram as primeiras eleições e em 2006 tomou
posse como II Grão-Mestre e I Grão-Mestre Eleito, após votação favorável dos
Mestres Maçons, o seu anterior responsável – o Mestre Instalado Álvaro Carva,
para o mandato 2006-2008. Que tomou posse em Lisboa, na presença de 250
Obreiros e de 18 delegações internacionais provenientes de todos os
Continentes, tendo recebido o malhete - após ter circulado por todos os Grão-Mestres presentes – e que lhe foi directamente entregue pelo Presidente da
Confederação das Grandes Lojas Unidas da Europa, que vigorava nessa data:
Bernard Bertry, Past- Grão-Mestre da Grande Loja Tradicional e Simbólica – OPERA,
que contava com 15 mil membros.
O Grão-Mestre é eleito pelos representantes Mestre Maçons,
após sancionamento pelo Grande Conselho de Mestres e, exceptuando-se na
Escandinávia e na Grã-Bretanha, onde o Rei é o presidente nato e vitalício, na
Grande Loja Nacional Portuguesa o mandato é de dois anos e são promovidas
eleições gerais. Não podendo o Grão-Mestre transgredir as normas internas e
constitucionais ou regulamentares.
Na Grande Loja Nacional Portuguesa os
restantes Grandes Oficiais, com excepção do Grande Tesoureiro são escolhidos
pelo Grão-Mestre, após sancionamento por parte do Grande Conselho de Mestres e,
nalgumas Obediências este Órgão de Estrutura pode assumir outros nomes: Grande
Conselho, Conselho Federal, Grande Capítulo, Conselho de Curadores.
Na Grande Loja Nacional Portuguesa o Grande Tesoureiro é
eleito de entre todos como norma reguladora e de separação clara entre a
responsabilidade espiritual e a financeira. Desde 2000 que a Grande Loja
Nacional Portuguesa tem renovado o mandato a José Prudêncio (2000-2005),
(2006-2008) e, agora, para o mandato (2008-2010). O Grande Oficial e Grande
Tesoureiro José Prudêncio é TOC e apresenta, tal como definem o Regulamento
Geral, as contas da Obediência anualmente. Que têm de ser discutidas, avaliadas,
inspeccionadas e aprovadas em Assembleia Geral de Grande Loja.
O Regulamento Geral da Grande Loja Nacional Portuguesa prevê
após a primeira votação mandatos de dois em dois anos. Em conformidade, em 2008
procederam de novo às eleições e os Mestres Maçons decidiram indicar como III
grão-mestre da Grande Loja Nacional Portuguesa, o Mestre Instalado Jorge Barata
da Silva, de Tavira, para o mandato 2008-2010. Que tomou posse a 20 de Abril de
2008 na presença de 250 Obreiros, para além dos representantes das Lojas da
Grande Loja e de 15 delegações internacionais na cidade do Porto.
Ainda no ano 2008, o Muito Respeitável Grão-Mestre Jorge
Barata da Silva renunciou à função.
A Grande Loja Nacional Portuguesa reuniu e, regular e
estatutariamente, decidiu nomear como Muito Respeitável Grão-mestre em
exercício da Grande Loja Nacional Portuguesa, o Muito Respeitável Irmão Álvaro
Carva. Que de imediato procedeu a eleições.
A Grande Loja Nacional Portuguesa instruiu ainda o IV
grão-mestre que deveria, de imediato, representar a Grande Loja Nacional
Portuguesa, na 1º Conferência (universal) de Grandes Lojas do Rito Escocês
Antigo e Aceite, a ocorrer em Nápoles, Itália.
Instruiu-o ainda que deveria organizar a recepção, em Maio
de 2009, em Lisboa, Portugal, do Co.GLUE – Comité da Confederação de Grandes
Lojas Unidas na Europa.
Memórias e Histórias da Maçonaria Portuguesa ( 2009)
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