Há objectos pequenos que carregam mais política do que um comício inteiro. Uma nota de dez dólares, por exemplo. Num estúdio norte-americano, dois homens de campos opostos sentam-se frente a frente e riem. Um deles recorda uma aposta antiga feita por um filho ainda criança; o outro, com o ar de quem aceita a piada como penitência leve, tenta finalmente pagar. A câmara adora estas coisas. O público também. A nota de dinheiro transforma-se num talismã: prova de que a América ainda pode ser “normal”, de que a política ainda sabe ser gente, de que a civilidade ainda não morreu. E, no entanto, é aqui — no exacto momento em que a civilidade parece vitória — que começa a pergunta difícil. Porque o que está em causa, num país ferido, não é apenas o tom. É a verdade. E a verdade, quando entra em televisão, raramente entra sozinha. Vem escoltada por escolhas: o que se mostra, o que se omite, o que se simplifica, o que se torna “história humana” para caber nos minutos disponíveis. A nota de ...
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