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SÉNECA IN “DA TRANQUILIDADE DA ALMA” (CARTAS TROCADAS COM SERENO)

SÉNECA IN “DA TRANQUILIDADE DA ALMA” (CARTAS TROCADAS COM SERENO)


SOBRE O DEVER CÍVICO:


«1. Por mim, muito querido Sereno, sou de opinião que Atenodoro se inclina e se retira rapidamente demais diante das circunstâncias. Não contesto que não haja casos onde se deva recuar; mas lentamente, passo a passo, salvando as bandeiras e a honra militar. Pois obtém-se do inimigo muito mais respeito e garantias quando nos rendemos com as armas.
2. Aqui está, segundo minha opinião, o que deve fazer a virtude e aquele que deseja a virtude: se o destino triunfa e lhe tira os meios de agir, que ele não se apresse em virar as costas e fugir, largando suas armas e tratando de procurar um abrigo, como se existisse um lugar no mundo onde se pudesse escapar do destino: mas que ele imponha somente maior reserva à sua actividade e procure com perspicácia algum emprego que lhe permita tornar-se outra vez útil à cidade.
3. A carreira militar lhe é proibida? Que ele pretenda as magistraturas: está ele reduzido à vida particular? Que advogue. O silêncio lhe é imposto? Que ele dê a seus concidadãos o apoio mudo de sua presença. Mesmo o acesso ao fórum lhe é perigoso? Que nas residências particulares, nos espectáculos, à mesa, ele se mostre companheiro honesto, amigo fiel, conviva moderado. Ele não pode mais cumprir com seus deveres de cidadão? Restam-lhe os deveres de homem.
4. Daí o princípio do qual nós, estóicos, estamos orgulhosos: o de não nos encerrarmos nas muralhas de uma cidade só, mas de entrarmos em contacto com o mundo inteiro e de professarmos que nossa pátria é o universo, a fim de oferecer à virtude o mais amplo campo de acção. Excluem-te do tribunal, expulsam-te da tribuna e dos comícios? Volta-te e olha: quantas extensões imensas, quantas nações se abrem para ti! Por mais vasta que seja a parte do mundo que te é vedada, aquela que te é permitida será sempre maior.
5. Mas repara que nem todo mal vem de ti. Pois não queres tomar parte nos negócios públicos, a não ser como cônsul prítane, "ceryx" ou "sufet". Não queres tu igualmente fazer a guerra como general ou como tribuno? Mesmo se não figuras na primeira linha e que a sorte te rebaixa entre os triários, combate de lá, por meio de tua voz, de tuas exortações, de teu exemplo e de tua moral: tendo as mãos cortadas, ainda podemos servir nosso partido, continuando firmes no nosso posto e animando os outros com nossos gritos.
6. Adopta uma táctica análoga: se a sorte te afasta das primeiras classes da República, resiste e ajuda os outros com teus brados; se te apertam a garganta, resiste ainda e auxilia-os por meio de teu silêncio. Jamais um bom cidadão perde seu trabalho: este é ouvido e é visto. Sua fisionomia, seus gestos, sua muda obstinação e seu modo de andar, tudo auxilia.
7. Há na medicina substâncias que, sem que se tenha necessidade de prová-las ou de tocá-las, agem pelo aroma; assim é a virtude: sua benfazeja influência se exerce mesmo a distância e sem que ela seja visível. Que ela dê expansão e seja livre em seus impulsos, ou que ela tenha dificuldade em se desfraldar e seja reduzida a recolher suas velas; que ela seja ociosa, muda, estreitamente aprisionada, ou que se abra com facilidade, em todas as situações possíveis ela é útil. Acreditas tu que o repouso bem empregado não é um exemplo proveitoso?
8. Assim, a melhor regra é combinar o repouso com a acção, todas as vezes que a actividade pura nos for perturbada por impedimentos acidentais ou por condições políticas: pois jamais todos os caminhos nos serão interditados, de modo que não nos reste nenhum meio de praticar uma acção virtuosa. »
O exemplo de Sócrates contra os trinta tiranos:
1«. Onde encontrar uma cidade mais miserável que Atenas, na época em que era martirizada pelos trinta tiranos? Mil e trezentos cidadãos, elite da população, pereceram sob seus golpes e sua crueldade, que, longe de saciar, se exasperava cada vez mais. Numa cidade que possuía o Areópago, o mais justo dos tribunais, que ao lado de seu Senado possuía entre o povo um outro Senado, via-se cada dia reunir-se um sombrio grupo de carrascos e uma sinistra cúria estreita demais para tantos tiranos. Que tranquilidade podia conhecer esta cidade que possuía tantos tiranos, até para servir de guarda-costas? Não se podia mesmo conceber a menor esperança de liberdade e nenhum remédio parecia possível contra uma tal quantidade de desgraças: onde esta desafortunada cidade encontrou tantos Harmódios?
2. Sócrates, entretanto, ia e vinha, tranquilizava os senadores desconsolados, pregava a coragem àqueles que perdiam a esperança na República; aos ricos, cuja opulência os fazia estremecer, censurava este arrependimento tardio de sua funesta cobiça; a quem o queria imitar, oferecia o grande exemplo de um cidadão que marcha livre, com trinta déspotas ao seu redor.
3. Não obstante, eis que Atenas, ela mesma, fez morrer este homem numa prisão: ele desafiou impunemente todo um bando de tiranos, e um governo livre não pôde tolerar sua liberdade. Vê, pois, que mesmo numa República oprimida o honesto encontra ocasião para mostrar quem ele é, e que numa República próspera e feliz reinam ao mesmo tempo a crueldade, a inveja e mil outros vícios dissimulados.
4. Por conseguinte, conforme a situação da República e o que a fortuna nos permitir, lançar-nos-emos a todo pano ou nos recolheremos em nós mesmos; mas, em todos os casos, nós nos moveremos sem nos deixarmos paralisar pelo temor. Aquele que assim proceder, esse será verdadeiramente homem: porque, sentindo-se envolvido pelos perigos e não ouvindo ao seu redor senão o fragor das armas e das prisões, evitará a destruição de sua virtude nos obstáculos, mas também não a esconderá: pois enterrar-se não é conservar-se.»

SÉNECA IN “DA TRANQUILIDADE DA ALMA” (CARTAS TROCADAS COM SERENO)
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