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Álvaro Carva numa entrevista

Biografia breve de Álvaro Carva


1 – Foi eleito recentemente para membro do Conselho Cientifico do Instituto Internacional de Ciências Políticas, juntando-se a nomes como Mário Soares e Durão Barroso. Para si, qual o significado desta eleição?

R: Não estava à espera desta notícia. Acolho com humildade a selecção do Conselho.

2 – Qual a importância da maçonaria em Portugal e aquilo que ela representa?

R: No século XXI a Maçonaria portuguesa está associada à Tradição. E a Grande Loja Nacional Portuguesa, sem quebrar e sem violar o segredo direcciona-se e dá importância para a essencialidade humana que está contida na Tradição iniciática cujo beneficiário é o Homem.

Jornal NORDESTE
3 – Se todos os nossos políticos fossem maçons, o estado de coisas em Portugal seria outro, bem como a qualidade das nossas opções políticas?

R: Não tenho qualquer certeza dessa afirmação. Os maçons têm uma inquietude com o Conhecimento. Um Conhecimento que se transcende, direccionado para além das simples aparências físicas e mentais, requisito essencial e prévio para um trabalho a favor do desenvolvimento social positivo. Se o maçon aplicar este pensamento que a Escola Maçónica preconiza está à altura das decisões da res publica de excelente qualidade.

4 – A Maçonaria conheceu diversas fases de desenvolvimento?

R: Sim. No Século das Luzes a sociedade europeia conheceu o movimento pós-renascentista que fazia da livre expressão a cultura e a liberdade intelectual e moral. No século XIX e boa parte do século XX na defesa dos princípios democráticos da tolerância, igualdade e solidariedade e a sua introdução nas legislações dos Estados. Como dizemos, Nós, os Maçons, a Maçonaria é uma ascese da Humanidade à Beleza, à Força e à Sabedoria universais.
Jornal NORDESTE

5 – O que identifica hoje a Maçonaria?

R: O Homem. É essencial que o Homem seja identificado como o Ser, com o Absoluto.

6 – Deus?

R: Cada Maçon é livre de interpretar esse conceito, mas dá sentido à nossa Tradição e à metodologia ritualizada, cujo fim é a Ordem universal na qual o Ser se manifesta.

7 – Uma Via pessoal?

R: Sim. (sorriso) Essa é a autêntica natureza do maçonismo. A evolução espiritual e pessoal capaz de produzir a união do coração e do pensamento, da acção, colocando-a ao serviço da construção humana, sem dogmatismo e em fraternidade. Teríamos assim um bom governo de maçons ao serviço da República. Ou de qualquer Monarquia.

8 – Porquê tanto secretismo à volta da Maçonaria?

R: Há diversos tipos de segredos na Ordem Maçónica. Mas para Nós, os Maçons, é relevante o segredo solene da iniciação e, acima de tudo, não se revelar o nome dos irmãos, bem como os pormenores maçónicos. Os Estados ditatoriais e comunistas assassinaram muitos maçons. Temos de os proteger desses perigos se esse modelo regressar.

9 – A Maçonaria Portuguesa tem uma história ao nível da relatada por Dan Brown?

R: A Maçonaria portuguesa tem histórias e enredos que na minha opinião suplantam a História contada por Dan Brown. Só que no nosso caso os acontecimentos são ao serviço da comunidade e vividos com intensidade e realismo. E se ler os livros publicados pelo escritor Braga Gonçalves encontrará outro tipo de histórias mais interessantes que a de Dan Brow.

10 – A Maçonaria deve permanecer elitista ou abrir as suas portas ao cidadão comum?

R: A Maçonaria está aberta a todas as pessoas livres e de bons costumes. Naturalmente atraiu indivíduos que se caracterizaram pelas suas inquietudes científico-filosóficas e que actuaram em diversos meios sociais ao longo dos três séculos da existência da Ordem. Estes homens, tal como fazemos hoje, ultrapassaram a dimensão humanista e a vocação que foi realizada com paixão.

11 – O que é que distingue um Grão-Mestre de outros maçons?

R: O Grão-Mestre é um maçon com o grau de Mestre Maçon. Ao assumir a função de Grão-Mestre passa a ser o representante ou o Chefe de uma Obediência simbólica. Compete-lhe adoptar medidas que, no nosso caso, são decididas no Grande Conselho de Mestres a fim de desenvolver a Maçonaria e aplicar-se na satisfação dos fins a que ele se propõe. Representando-a, quer interna, quer externamente no mundo profano (sociedade civil), precisará pois de alguma habilidade diplomática e de liderança. Para se ser Grão-Mestre é preciso também querer assumir estes encargos.

12 – Que é que gosta de ouvir na rádio e de ver em sua casa (TV)?

R: Normalmente aprecio as notícias sobre os acontecimentos diários. Raramente vejo televisão e dedico parte do meu esforço à minha profissão.

13 – Viagem de sonho?

R: Já fiz todas as viagens de sonho que um comum cidadão deseja. Haverá um lugar ou outro que não conheço. Mas as viagens de sonho estão todas realizadas e há muitos anos.

14 – Quais os três valores mais defendidos pela Grande Loja Nacional Portuguesa?

R: A nível interno conte com a Lealdade, Coragem e Responsabilidade. A nível externo a Aparência e Realidade. Para um profano (quem ainda não foi admitido na Maçonaria) a realidade maçónica deve ser, tal como para um Maçon, aquilo que parece ser. Estes valores são a base da Maçonaria Tradicional e Regular em Portugal. Por isso esforço-me por desmistificar a Maçonaria.

15 – O que considera ser inaceitável num ser humano?

R: O retrocesso ou a não aplicabilidade dos valores universais que comungamos e que em comum desejamos.

16 – Se pudesses passar uma noite com uma personalidade mundial, seja política, desportiva, artística ou outra, em quem recairia a sua escolha?

R: Eu cruzo-me com diversas personalidades. Por diversos “corredores” e em diversos locais. Viajo frequentemente e, felizmente, sou convidado a estar presente em diversas cerimónias oficiais e particulares. Não tenho qualquer preferência por qualquer personalidade. Mas o meu desejo mais íntimo é estar com aqueles que eu amo. E o melhor lugar do mundo é junto daqueles que apreciam a minha companhia. Ou tenham interesse em saber o que eu penso sobre Maçonaria. Como por exemplo estar aqui consigo.

17 – Se pudesse pedir 3 desejos a nível planetário, quais seriam?

R: Que o homem se libertasse da miséria humana e da fome. Fazê-lo sorrir de felicidade e de bem-estar.

18 – Três características obrigatórias numa mulher para, em potência, ser alvo da sua pessoa?

R: Nunca consegui ver a mulher como um alvo desejável pela via da sexualidade. Vejo as mulheres como seres humanos atenciosos, optimistas, criativos e com uma particularidade de verem e prestarem atenção a situações de pormenor que o homem não visualiza.

19 – Se a vida selvagem fosse um filme, que animal interpretaria?

R: Bem…nunca pensei nisso.

20 – Experimente.

R: O animal com o comportamento mais parecido com o meu talvez seja o rinoceronte. Estranho, não é?!
É um animal blindado, mas normalmente calmo – é um herbívoro. Não tem predadores naturais quando o pretendem atacar. Às vezes sofre ataques de fúria, como os que se vê na TV destruindo jipes. Às vezes atacam árvores de forma violenta É um “tanque de guerra” com fins pacíficos.

21 – Livro de cabeceira?

R: Neste momento tenho três livros de cabeceira. Livros comuns: O Exército Perdido de Manfredi; D. Manuel do Cenáculo, Instruções Pastorais, Projectos de Bibliotecas e Diário e o volume VII da História da Filosofia de Nicola Abbagnano. Para os momentos de maior intimidade com o pensamento.

Entrevista de 2009/12/10

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