SUPREMO CONSELHO DE PORTUGAL DO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITE | Altos Graus Regulares e Tradicionais. Raízes, História e Actualidade.
SUPREMO CONSELHO DE PORTUGAL DO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITE
Altos Graus Regulares e Tradicionais. Raízes, História e Actualidade.
No passado havia somente dois graus
maçónicos. Mais tarde, os “Sublimes Graus do Escocismo” complementaram a série
dos três primeiros graus, o de Mestre, que surgiram do ofício, devendo o seu
nome ao primeiro deles, o de Mestre Escocês,
aparecido em Londres, até 1733.
Os mestres escoceses
que se tinham estabelecido em França e que se encontravam sob a protecção de
Luís XIV são mencionados pela primeira vez nas Ordenações da Grande Loja de
França em 1743. Representavam uma corrente decididamente espiritualista que se
confrontava com o racionalismo que ascendia nessa altura na cultura francesa.
Promoviam assim com a espiritualidade experiências de conhecimento que os
construtores medievais já tinham nas raízes profundas na Tradição iniciática
das antigas culturas.
Os membros aderiam
em força e, pela primeira vez, a Grande Loja de França aumentava o número de
membros em detrimento da qualidade. Estas preocupações levaram o Conde de
Clermont e Grão-Mestre da Grande Loja de França desde 1743 a
aprovar uma oficina em Paris, de trabalho maçónico, denominada “S. João de
Jerusalém”, cujos Estatutos atribuía aos Mestres Escoceses a guarda da Tradição
maçónica nas lojas simbólicas. Estes Estatutos foram publicados em 1755.
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Se as fontes da Maçonaria simbólica se
conservam nas ilhas britânicas ou mais certamente na Escócia, as da Maçonaria
Escocesa, tal como é praticada pelo Supremo Conselho de Portugal do Rito
Escocês Antigo e Aceite (www.scdp.net) e que tem um Tratado de Trabalho e Reconhecimento com a Grande Loja
Nacional Portuguesa (www.glantigos.org) terão de ser procuradas
na Europa continental e principalmente em França.
O conde de Clermont teve uma vida curta. Mas o suficiente para estender o
sistema de graus à Alemanha. E, de uma forma irrefutável, foi emitida uma
patente, outorgada em 1761 pela Loja de São João de Jerusalém que
autoriza Etienne Morin, cavaleiro e príncipe de todas as ordens da
Maçonaria de Perfeição, a estabelecer lojas do Rito de Perfeição na
América
e onde quer que fosse. Etienne Morin é, assim fundador da Loja Mãe Escocesa de Bordéus, que
organizou em São Domingo e na Jamaica, durante a década de 1760, a Maçonaria de
Perfeição, com vinte e cinco graus.
À excepção do grau
eminentemente cavalheiresco de Sublime Príncipe do Real Segredo, que coroava o
edifício, esta fundação utilizava os graus procedentes de França.
Foi Henry
Andrew Francken, Deputado e Grande Inspector de Etienne
Morin na América do Norte, que fez uma transcrição dos rituais da
Maçonaria de Perfeição que constituem hoje uma preciosa referência para a
prática do Rito Escocês Antigo e Aceite.
A Maçonaria de
Perfeição estava assim dirigida por um Soberano Grande Consistório criado em
virtude das Constituições e Estatutos de 1762, chamados de Bordéus, que haviam
sido elaborados segundo o patrocínio de Frederico II, rei da Prússia. Há
dúvidas na qualidade histórica deste documento, mas para a história do Rito ele
existe. Apesar de haver um conjunto de
elementos que permitem sustentar a autenticidade deste documento. Procurava-se assim, estabelecer um
documento fundador a fim de restabelecer a Antiga Maçonaria conservando-se
dessa forma os santos mistérios. Promovia-se a noção de Ordem e organizava-se
harmoniosamente os diversos graus praticados.
Em 1801, em
circunstâncias que os historiadores não esclareceram, criou-se em Charleston,
Carolina do Sul, o primeiro Supremo Conselho de Soberanos Grandes Inspectores
Geral do trigésimo terceiro e último grau do Rito Escocês Antigo e Aceite. Este
acontecimento foi dado a conhecer por uma simples circular datada de 04 de
Dezembro de 1802. Anunciava-se a criação do Supremo Conselho, com base nas Grandes
Constituições, chamadas de
Berlim, ratificadas em 1786 por sua Majestade o rei da Prússia. São estas Grandes Constituições de
1786 que trazemos aqui com a sua publicação, para que sirva o interesse dos
maçons e dos estudiosos da Maçonaria. E, com ele, fundamentar a Tradição e a
história maçónica que representamos em Portugal.
21 anos depois do
primeiro passo que levou à criação em Portugal da Maçonaria Regular e
Tradicional, não há melhor forma de se comemorar este efeito. A publicação
desta pequena brochura e notícia, disponível para maçons e profanos e, desta forma, ficam a conhecer mais de perto o Supremo Conselho
de Portugal do Rito Escocês Antigo e Aceite e a Maçonaria Regular e Tradicional.
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O seu primeiro presidente, ou Grande
Comendador foi John Mitchel, figurando como co-fundadores o conde
Grasse-Tilly – e que fundou pouco tempo depois o Supremo
Conselho de França (1804) – e Noël Delahogue, de entre outros.
O conde
Grasse-Tilly foi o Presidente e Grande Comendador do Supremo
Conselho de França e membro do Supremo Conselho dos Estados Unidos desde 1802.
A divisa que os
Supremos Conselhos, incluindo o Supremo Conselho de Portugal do Rito
Escocês Antigo e Aceite adoptaram é ORBO AB CHAO, cujo sentido implica
a acção de um princípio de ordem organizador e regularizador do caos inicial.
Pretendia-se, desta forma, por fim de forma definitiva à situação gerada pela
anárquica proliferação de graus escoceses. Colocava-se, desta forma, na
fundação do Rito Escocês Antigo e Aceite, tal como se fez com a Maçonaria de
Perfeição, um conjunto de graus que já eram praticados em França e nas
Antilhas.
As Grandes Constituições de 1786 não eliminaram as Constituições e
Estatutos de 1762, mas complementaram-nas. Expressou-se assim a vontade dos
fundadores: reunir num só corpo maçónico todos os Ritos do regime do Rito
Escocês.
As Grandes
Constituições foram revistas em 1875 pelo Convento Internacional de Lausana.
Estes documentos conferiram aos Supremos Conselhos uma autoridade não
partilhada sobre todos os graus do 4º ao 33º e último do R.´.E.´.A.´.A.´..
As Grandes
Constituições determinam ainda que os Supremos Conselhos emanam da mesma fonte:
institucionalizavam assim um Supremo Conselho soberano com poderes que foram
originalmente detidos por Sua Majestade o rei da Prússia, na qualidade de
Grande Comendador da Ordem. Poderes estes que emanavam da mesma fonte e cuja
procedência entre eles eram estabelecidas por ordem de antiguidade. As Grandes
Constituições impõem ainda como obrigatório para cada Supremo Conselho
assegurar a perenidade do Rito Escocês Antigo e Aceite preservando-o de todas as alterações
que pudessem provocar vicissitudes históricas. Os Supremos Conselhos devem,
assim, não só conservar e preservar as estruturas do Rito, mas também os
rituais, veículos do “corpus” simbólico que lhes conferem a sua dimensão
espiritual.
O Rito Escocês
Antigo e Aceite é o sistema ou o
método mais usado como trabalho-estudo maçónico no Mundo.
Sede Social da Grande Loja Nacional Portuguesa |
A criação de um Supremo Conselho carece
de continuidade e como prova da mesma é constituído o segundo Supremo Conselho
do Mundo - primeiro Supremo Conselho na Europa – denominado Supremo Conselho de
França, que criou o Supremo Conselho de Portugal do Rito Escocês Antigo e
Aceite a 4 de Setembro
de 2004, na Quinta da Regaleira (Sintra - Portugal) e que tem um Tratado de
Reconhecimento com a Grande Loja Nacional Portuguesa, recebendo assim, até ao momento, em
regime de exclusividade, Mestres Maçons provenientes desta Obediência. Mas não
é obrigatório este modelo e o Supremo Conselho pode admitir Mestres Maçons de
outras Obediências, desde que lhes reconheça nos três
primeiros graus metodologias e práticas da Maçonaria Tradicional ou
ensinamentos da Tradição iniciática universal.
Uma Grande Loja é
denominada por Obediência e um Supremo Conselho é denominado por Jurisdição ou
Potência. Assim, na Europa Continental a prática do Rito é diferente hoje em
dia da que é praticada do outro lado do Atlântico. As práticas da maçonaria
anglo-saxónica não expressam as mesmas realidades das existentes na
regularidade continental, quer relativamente ao trabalho maçónico, quer quanto
às práticas dos rituais, quer na utilização de símbolos, bem como na evocação
do Grande Arquitecto do Universo. Por isso a Europa promove a protecção e
conservação do Rito Escocês Antigo e Aceite onde implica um regresso às fontes, à
Tradição, conseguindo desta forma evitar que se confundem dois termos
maçónicos: irregularidade e reconhecimento. O reconhecimento implica relações
exteriores, o aceitar visitas recíprocas ou inter-visitas. São o relacionamento
entre as Jurisdições ou entre as Obediências. São regras administrativas. Mas a
regularidade está relacionada com a referência a textos fundamentais, com a
evocação do Grande Arquitecto do Universo, símbolo máximo da expressão simbólica
da dimensão espiritual praticada, com a presença da Bíblia aberta durante os trabalhos, com a conservação do
Rito e a estrita
observância dos rituais. É intrínseca a cada Obediência ou a cada Jurisdição que
se inscreve na Tradição. Por isso não há autoridade que possa conceder ou
retirar aquilo que se obteve como regular transmissão.
Por outro, o Rito Escocês
Antigo e Aceite europeu
desenvolveu o esoterismo maçónico incorporando a Tradição cavalheiresca
medieval cristã, com as suas referências de lealdade, rectidão, valentia,
sentido de honra e de caridade. O Cavaleiro combate a corrupção, a mediania, a
pusilanimidade, o cinismo, a cumplicidade servil diante da indiferença, é fiel
a si mesmo, aos seus compromissos, como faz o homem honrado. Em qualquer
circunstância, dá provas de nobreza de sentimentos vinculada a um profundo
respeito pelos valores morais. Combate pelo respeito, pela dignidade humana e
comprometem-se em defesa dos direitos do Homem contra a autoridade usurpada.
O Rito Escocês Antigo e Aceite praticado pelo Supremo Conselho
de Portugal aqui representado
integraram a Tradição Primordial, a herança dos grandes movimentos do
pensamento que se iam sucedendo no tempo: o Hermetismo, a tradição hebraica
surgida de Moisés e Salomão, o ideal cavalheiresco da cristandade medieval, o
modelo dos construtores medievais, o humanismo renascentista, o esoterismo da
alquimia, os mistérios da Cabala, o misticismo dos sufis; numa palavra, todas
as orientações espirituais presentes no mundo ocidental.
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Se uma Grande Loja trabalha em exclusivo
os três primeiros graus, os restantes graus – do 4º grau ao 33º e último grau
do R.´.E..A.´.A.´. – são desenvolvidos no Supremo Conselho.
No Supremo Conselho de Portugal do Rito Escocês Antigo e
Aceite, estes 33º graus
dividem-se em quatro blocos, tal como a Tradição do Rito: os três primeiros
graus são comuns a todos os sistemas maçónicos. Os dez seguintes (do 4º ao 14º grau) são trabalhados nas chamadas Lojas de Perfeição. A sua temática continua a ser a
construção do Templo e as suas vicissitudes. Cada um destes graus contém uma
lenda característica e símbolos que se utilizam como utensílios de trabalho.
Estas lendas e símbolos têm uma riqueza espiritual e filosófica que é
gradualmente apresentada aos iniciados nos Altos Graus. Ensina-se a descoberta
do Dever pessoal, através do conceito da Lei universal e é a base para a
procura da Palavra Perdida e do “sentido” para a vida. Estes e outros
princípios devem ser difundidos por toda a Terra, sendo este o tema da lenda do
grau 14º.
Do 15º grau ao 18º grau os maçons do Supremo Conselho de Portugal do Rito
Escocês Antigo e Aceite trabalham no local que denominam de Capítulo. Apesar do primeiro Templo ter sido
destruído (como foi o Templo de Salomão) o homem conseguirá a sua construção
ajudado e ajudando. Destaca-se no 17º grau o esforço cavalheiresco e a sua
abertura espiritual – Cavaleiro de Oriente e de Ocidente. O Amor conduz até à
Palavra Perdida. O grau 18º que se denomina Cavaleiro Rosa Cruz representa uma
síntese do fim e dos meios da Maçonaria Universal, tendo em conta a Fé, a
Caridade e a Esperança, dando assim sentido à vida. O Templo por construir não
é material mas espiritual. Os trabalhos no 18º grau nunca são encerrados.
Apenas são interrompidos.
Do 19º grau ao 30º grau são trabalhados nas lojas chamadas de Areópagos. Se temos nos graus anteriores a
descoberta do Amor universal, somos levados nestes graus à acção espiritual. É
esta a filosofia da acção maçónica e, por isso, estes graus são denominados de filosóficos.
Já não se procuram os Templos materiais, mas um mundo virtuoso e fraterno, uma
“Jerusalém celeste”. O símbolo da acção Templária é que converte simbolicamente
o maçon no grau 30º no novo cavaleiro de um novo Templo pela ascensão de escala
mística da Virtude: o Cavaleiro Kadosh.
O último bloco é constituído por graus administrativos. São eles o 31º, 32º e 33º. As lojas são denominadas,
respectivamente, por Soberano Tribunal, Consistório
e Conselho
Supremo. O grau 31º
carece de carácter iniciático. O grau 32º exalta o valor da Tradição iniciática
como um tesouro herdado. O grau 33º e último é formado pelos Soberanos Grandes
Inspectores Gerais. Entre eles,
encontramos maçons como Ricardo Pereira, 33º, Álvaro Carva, 33º, Barata Pires,
33º, José Prudêncio, 33º, Jacinto Alves, 33º, Fernando Reis, 33º, Carlos Neves,
33º, Carlos Leal, 33º, de entre outros, que receberam os seus graus em Paris
comprovados por Diploma emitido pelo Suprême Coinseil de France, fundado em
1804. De entre vários membros da Jurisdição que fazem parte do Conselho Supremo
que alcançaram, após longos anos de estudo, é eleito, por cooptação, um número
limitado para exercer a autoridade suprema do Rito em cada país, formando um
Supremo Conselho com poder jurisdicional sobre as lojas de Perfeição,
dos Capítulos e dos Areópagos. Os restantes membros do grau 33º
continuam a pertencer ao Conselho Supremo.
O Rito Escocês Antigo e Aceite é um rito iniciático racional, a fim
de evitar confundir tradição com conservadorismo, espiritualidade com religião,
modernidade e modernismo.
Cada Supremo
Conselho está integrado por um mínimo de nove e um máximos de 33 maçons do grau
33º e é presidido por um Soberano Grande Comendador.
A jurisdição sobre
as lojas simbólicas dos três primeiros graus é presidida por um grão-mestre.
Desde 2004 que o Supremo Conselho
de Portugal do Rito Escocês Antigo e Aceite tem como dirigente máximo, o M.´. Pod.´. Soberano Grande
Comendador, Muito Ilustre Ir.´. Ricardo Pereira, 33º, coadjuvado, pelo M.´.
Ilustre Grande Comendador Lugar – Tenente, Álvaro Carva, 33º.
Posteriormente, foi dirigido pelo Muito Ilustre Irmão José Albino Prodêncio, 33., coadjuvado, pelo M.'. Ilustre Irmão Álvaro Carva, 33º.
Desde setembro de 2017, o Supremo Conselho de Portugal (www.scd.net) está a ser conduzido pelo III Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho de Portugal, Muito Ilustre Irmão Álvaro Carva, 33.
III Soberano Grande Comendador do S.'.C.'.D.'.P.'. |
O Supremo Conselho
de Portugal do Rito Escocês Antigo e Aceite encontra-se envolvido num amplo
projecto global e mundial, tendo por base a tradição; a ela, aderiram mais de meia centena de Supremos Conselhos Mundiais, que, assim, unidos pela sua
autonomia, fortalecem a fraternidade e a sua vocação da Tradição.
Bibliografia: História do Rito, publicação interna do
Supremo Conselho de Portugal, 2004; Musée Archives Bibliothèque 8, rue Puteaux
– 75017 PARIS; Points de vue initiatiques, revista publicada em França,
GLdF. "Nós, os Maçons", de Amando Hurtado, com prefácio de
Álvaro Carva, Grão-Mestre da Maçonaria Regular e Tradicional denominada por Grande
Loja Nacional Portuguesa; "Diálogos com a Maçonaria" - pranchas
apresentadas no Congresso Maçónico realizado na Universidade Independente em
Lisboa e com o prefácio de Álvaro Carva, Grão-Mestre da Grande Loja Nacional
Portuguesa, ambos os livros publicados pela Editora Ver o Verso.
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