Bem-Vindo à página oficial do Supremo Conselho de Portugal.
Num mundo em perpétua evolução, o Homem procura um sentido
para a sua vida entre o tumulto das alterações que vêm perturbar o quotidiano.
A sociedade vê-se sacudida por sobressaltos que chegam de
todas as partes. A Maçonaria, que é um fato social, não escapa a esse regra e
isso é perfeitamente compreensível, porque o maçon é um ser que vive o seu
tempo e não fica à margem da agitação que o rodeia.
Mas a Maçonaria, na tranquilidade dos seus templos,
apresenta-se como uma mansão de serenidade, que pela reflexão que suscita,
protege os seus adeptos dos rudes golpes recebidos do mundo exterior. Isto é
perfeitamente certo para o Rito Escocês Antigo e Aceite, cuja divisa é, e
relembro, Ordo ab Chao.
O primeiro sentido deste tema refere-se ao universo colocado
na Ordem a partir do confuso magma que caracterizava na origem. Similarmente,
na sociedade moderna faz-se referência À boa organização de uma instituição que
afasta a desordem para fazer reinar a harmonia entre os seus membros.
Deste modo, alguns adeptos prescindiriam de boa vontade da
presença da Bíblia no altar dos juramentos para substituí-la por um volume, sem
especificação. Isto significa desconhecimento do ensino do Rito Escocês Antigo
e Aceite, cujas lendas temáticas, em todos os graus, referem-se a episódios da
Bíblia, começando pela construção do Templo de Salomão.
Desde a sua fundação, a Maçonaria é de inspiração
judaica-cristã.
Pertencemos a Lojas de S. João, como testemunha o Volume da
Lei Sagrada, aberto no prólogo do 4º Evangelho. Podemos procurar esse evangelho
noutro qualquer livro, mas não encontraremos mensão dele. O único caso em que
se pode tolerar a presença de outro Volume da Lei Sagrada, junto à Bíblia, é o
do momento de prestação do juramento de um profano, no dia da iniciação, se
pertence a uma religião diferente. Sem exclusão da Bíblia, junto ao Esquadro e
o Compasso, ostentando as Três Grandes Luzes da Maçonaria. A Bíblia representa
um símbolo magno do Rito Escocês Antigo e Aceite e não um livro de qualquer
religião revelada, mesmo que seja a sua.
Outro erro que se comete, igualmente pernecioso, consiste em
querer desalojar a Bíblia, substituindo-a por um livro em branco, ou até pelo
livro da Constituição, como se faz noutros ritos. Qualquer pessoa sensata não
poderá evitar as dúvidas acerca do carácter sagrado de um livro da Constituição
que não tem mais que um valor puramente administrativo e contigente.
Por outra lado, um livro em branco não é senão o arquétipo
carente de sentido.
Em primeiro lugar, em que página deveria ser aberto esse
Volume da Lei Sagrada?
E escrevendo mais profundamente: o Volume da Lei Sagrada é,
por definição, o Símbolo da Tradição do nosso Rito. Porém, Tradição significa
transmissão. A presença de um livro em branco significa que o Rito Escocês
Antigo e Aceite não tem nada a transmitir; nem sequer a origem das nossas
lendas. Isto seria a negação, pura e simples, do ensinamento do Rito.
Como contrapartida, colocar-se-ia o problema do Grande
Arquiteto do Universo. Desde o momento em que se eliminasse a dimensão sagrada
dos nossos Templos, para quê complicar-se a questão com esse símbolo do
transcendente?
A Jurisdição subscreveu a declaração de princípios da
Convenção de Lausana de 1875 que reconhece e proclama a existência de um
Princípio criador, reconhecido como Grande Arquiteto do Universo. Mas dizer
princípio é dizer primeira causa ativa e original. Inclusivé o espírito mais
refrtátirio a toda a metafísica se vê forçado a admitir que:
Depois da Fonte (ou antes dela), está a energia.
Depois da Energia está a Lei, isto é, um conjunto de regras.
Depois da Lei está o Plano que permite o ordenamento de
regras.
E o Plano faz aparecer o Arquiteto que o concebeu.
Isto está perfeitamente de acordo com o conceito de Grande
Arquiteto do Universo, ao mesmo tempo símbolo menos redutor e menos
determinante que a interpretação de Deus revelado das religiões e enfoque
metafisico acessível à razão humana.
O conceito tem, entre outras, a vantagem de conciliar as religiões
dogmáticas e as religiões que não reconhecem a existência de um Deus criador
ou de um demiurgo. Daí a sua capacidade para “reunir o que está disperso”,
definição lapidar do universalismo do Rito Escocês Antigo e Aceite que permite
ascender do incognoscível ao cognoscível, de vincular o visível e o invisível,
de propor uma união do humano com o divino.
Querendo comunicar uma prática que remonta à mais longínqua
antiguidade (ainda que a Maçonaria só fosse institucionalizada no século XVIII,
o seu código de conduta é tão velho como as antigas confrarias de
construtores), alguns espalham perturbação no espírito dos Irmãos
insuficientemente instruídos nas Histórias e nas raízes do Rito Escocês Antigo
e Aceite.
O Rito Escocês Antigo e Aceite é um rito iniciático
racional. Não há que confundir tradição com conservadorismo, da mesma maneira
que não há que confundir espiritualidade com religião, modernidade e
modernismo.
Sede Social da Ordem, Zénite de Portugal, 11 de novembro de
2016
| NEWS | MYFRATERNITY | MAÇONARIA | MASONIC PRESS AGENCY |
|| www.myfraternity.org ||
Comentários