Avançar para o conteúdo principal

As sociedades secretas e a revolução

Confundir o papel da Maçonaria e da Carbonária no período que levou à implantação da República é um erro comum, mas grosseiro. Eram em tudo distintas, embora lutassem as duas pelo fim da Monarquia. Quando o regime caiu, os seus destinos também foram bem diferentes. Por António Ventura
É habitual, quando se fala da proclamação da República, em 1910, relacionar o evento com a acção determinante das sociedades secretas - a Maçonaria e a Carbonária -, o que frequentemente gera confusões, equívocos e erros grosseiros. Estamos perante duas organizações distintas, a todos a níveis, desde as origens, contextos fundacionais, referências, composição social e objectivos. Enquanto a Carbonária era de facto uma organização secreta, agindo no maior sigilo, nada transparecendo para o exterior, a Maçonaria dificilmente podia ser classificada como tal, uma vez que eram conhecidos os nomes dos seus dirigentes e publicava boletins e anuários com informações sobre muitos responsáveis a nível nacional e local.
A Maçonaria surgiu no início do século XVIII em Inglaterra. Esta é a realidade histórica, não obstante as referências lendárias que lhe foram associadas. Nascida num contexto inglês, numa sociedade que sofreu dezenas de anos de guerras religiosas e políticas, era um espaço privilegiado de reflexão, um ponto de encontro e de diálogo entre homens com ideias políticas e religiosas díspares. Daí a interdição de discussões de carácter político ou religioso fracturantes. Era naturalmente elitista - bastava a obrigatoriedade de saber ler e escrever para lhe limitar drasticamente o acesso.
Em contrapartida, a Carbonária, que nasceu 100 anos depois, em Nápoles, em plena Restauração, com ramificações no Jura e na Floresta Negra, implantou-se em Itália e em França reunindo descontentes com o rumo da Europa depois do Congresso de Viena, congregando liberais, antigos militares que serviram no exército napoleónico, burgueses, intelectuais e estudantes. Era uma organização política e popular, virada para o combate político, o que a distinguia da Maçonaria, utilizando um simbolismo relacionado com a floresta e os trabalhos nela realizados, o que de novo contrastava com o simbolismo maçónico da construção e dos construtores. Os seus membros tinham a designação de Bons-Primos e organizavam-se em Barracas.
Enquanto em 1727 já se assinala actividade maçónica em Portugal, as primeiras referências à Carbonária datam do início da década de 30 do século XIX, possivelmente entre emigrados liberais refugiados em Paris. As notícias dessa Carbonária desaparecem depois da guerra civil (1834), para voltarem a surgir na década de 40, com a Antiga e Sublime Ordem da Carbonária Lusitana. Após um período de actividade entre 1842 e 1843, desapareceu para ressurgir depois da Patuleia, e sob os ecos das Revoluções de 1848. Até 1852 teve uma intensa actividade com a organização de Choças e Barracas e a eleição de uma Alta-Venda, tendo Coimbra como principal centro de irradiação. Algumas estruturas persistiram até aos finais do século, mas a Carbonária que participará na revolução republicana é outra, ou melhor, são outras, no plural.
Ritos iniciáticos
Em 1897 surge a Carbonária Portuguesa, republicana, a partir de uma organização estudantil, a Maçonaria Académica. A sua actividade é modesta nos anos subsequentes, sendo o seu órgão máximo a Alta-Venda chefiada por Luz de Almeida como grão-mestre. As iniciações faziam-se no interior de casas, em especial nos Centros Republicanos António José de Almeida e Botto Machado, e no Teatro Heliodoro Salgado. A cerimónia decorria num ambiente decorado para inspirar temor ao candidato, usando os carbonários presentes balandraus (um capote largo e comprido) ou máscaras.
Paralelamente existiu outra organização, com a designação de Bonfim, também conhecida como Liga Progresso e Liberdade. A sua sede foi descoberta pela polícia, sendo o núcleo dissolvido pelos próprios membros, todos anarquistas intervencionistas ou republicanos avançados, que fundaram outro, a que deram o título de Carbonária Lusitana, também conhecida pela designação de Carbonária dos Anarquistas. Heliodoro Salgado foi o seu grande dinamizador. Esta Carbonária estava ligada, a partir de 1899, à loja maçónica irregular Obreiros do Futuro. As iniciações eram diferentes das que ocorriam na Carbonária Portuguesa, faziam-se ao ar livre, no campo, nos arredores de Lisboa, nas estradas e nos caminhos para a Tapada de Ajuda, nas minas do Canto, no Casal do Alvito, nas furnas da serra de Monsanto e até no Cemitério dos Prazeres.
Embora a Carbonária Lusitana fosse autónoma e formada maioritariamente por elementos operários que não recusavam a luta política, a colaboração táctica com o Partido Republicano Português (PRP) teve consequências e alguns militantes acabaram por se passar para o campo republicano.
A fusão entre as duas carbonárias ocorreu nos finais de 1907 ou início do ano seguinte. Ao ser exposta a actividade dos Obreiros do Futuro após a explosão na Estrela, com prisões e fugas para o estrangeiro, muitos dos seus membros integraram-se na Carbonária Portuguesa. A absorção ocorreu sem qualquer acordo formal, sentindo os carbonários lusitanos necessidade de serem enquadrados. As iniciações de António Maria da Silva e de Machado Santos tiveram importantes reflexos no futuro da Carbonária, pelos papéis que ambos iriam desempenhar, integrando a sua direcção juntamente com Luz de Almeida. As suas responsabilidades seriam ainda maiores após a ida do grão-mestre para o exílio, de onde só regressou depois de proclamada a República.
A iniciação de António José de Almeida trouxe à Carbonária um prestigiado caudilho republicano e facilitou as suas relações com a Maçonaria, cada vez mais sensível ao ideal republicano. Luz de Almeida, com a sua figura discreta de bibliotecário, percorria o país, fazia contactos, promovia iniciações, fundava novos canteiros ou Choças. Mesmo os elementos isolados, que não se podiam integrar nas estruturas ordinárias, mantinham uma ligação na qualidade de Vedetas. A sua ida para o estrangeiro impediu que estivessem em Portugal no momento da revolução. Há notícia da existência de outras organizações de cariz carbonário, autónomas mas actuando em consonância como os grupos Coruja e Mineiros.
Da velha Carbonária Lusitana - a Carbonária dos Anarquistas - sobreviveu um pequeno núcleo em redor de José do Vale, João Borges e Bartolomeu Constantino, que participarão no 5 de Outubro, mas sob a direcção da Carbonária Portuguesa. Nos relatos sobre as jornadas de Outubro de 1910, dos antigos carbonários lusitanos restam Bartolomeu Constantino, Carlos Antunes, António Alcochetano e José de Jesus Gabriel.
Quanto à Maçonaria, apesar de se dever manter fora da acção política num sentido partidário, a verdade é que a sua progressiva republicanização era evidente, ainda antes do grão-mestrado de Magalhães Lima, o que levou a um envolvimento mais directo dos maçons na mudança de regime. Sendo a Maçonaria uma organização progressiva, isto é, que sempre pugnou pelo progresso da Humanidade a todos os níveis, para muitos maçons, em Portugal, esse progresso era incompatível com a manutenção do regime monárquico. Daí a necessidade de mudança, não por razões partidárias, mas por razões nacionais. Foi o que sucedeu de um modo mais visível a partir da reunião de 14 de Junho de 1910, realizada no Palácio Maçónico, com centenas de maçons, na qual foram dados ao grão-mestre plenos poderes para organizar uma Comissão Maçónica de Resistência, em articulação com o Directório do PRP, composta por José de Castro - grão-mestre adjunto do Grande Oriente Lusitano Unido -, Miguel Bombarda, Cândido dos Reis, Francisco Grandela, José Cordeiro Júnior, José Simões Raposo, Manuel Martins Cardoso, António Maria da Silva e pelo próprio Machado Santos. Estes dois últimos, simultaneamente dirigentes da Carbonária Portuguesa.
A reunião de 29 de Setembro de 1910, na sede do Directório do PRP, na qual se preparou a revolução, é esclarecedora quanto aos elementos e forças envolvidos, dirigentes partidários, da Carbonária, de lojas maçónicas e do Grande Oriente Lusitano Unido: Simões Raposo, Machado Santos, José Cordeiro Júnior, António Maria da Silva, José Barbosa, Inocêncio Camacho, Cândido dos Reis, Manuel Martins Cardoso, Eusébio Leão, José Relvas, e Miguel Bombarda.
Crises e cisões
O papel da Carbonária nas jornadas de Outubro de 1910 foi determinante. Note-se que o almirante Cândido dos Reis, chefe máximo do movimento, era simultaneamente carbonário e maçom, o mesmo sucedendo com Machado Santos, o "pai" da República, que assumiu a chefia dos revoltosos na Rotunda.
Sobre a actividade da Carbonária após o 5 de Outubro de 1910, as informações ainda são escassas. Teve um papel mobilizador contra as incursões monárquicas, mas as dissenções no interior do Partido Republicano Português puseram termo à organização que tanto fez pela proclamação da República. Continuaram, certamente, a existir grupos de cariz carbonário, na sua maior parte ligados ao sector "democrático" do PRP, mas a velha Carbonária deixou de existir, porque a Monarquia, razão de ser da sua fundação e labor, também já não existia. Fora uma organização de contrapoder que visava destruir um regime e os pilares que o suportavam.
Entre 1910 e 1926, a Maçonaria estará presente em todos os níveis da vida política, social, económica e cultural do país. Em Março de 1910, o Grande Oriente Lusitano Unido contava com 97 Lojas e 58 Triângulos. Em igual data de 1911, aqueles números subiram para 122 Lojas e 79 Triângulos, e os efectivos passaram de 2844 em Março de 1910 para 3192 em igual mês do ano seguinte. Essa afluência também se deveu ao oportunismo dos que buscavam atestados de republicanismo.
Durante a Primeira República, cerca de metade dos ministros e dos parlamentares foram maçons. O mesmo sucedeu com três dos Presidentes da República: Bernardino Machado, Sidónio Pais e António José de Almeida, tendo o primeiro e o último sido grão-mestres do Grande Oriente Lusitano Unido.
As lutas políticas e as rivalidades pessoais não tardaram a fazer-se sentir, afectando a unidade do Partido Republicano. Os confrontos na Constituinte acabaram por revelar uma realidade que poucos continuavam a querer ignorar: alcançada a mudança de regime, a unidade era dispensável. O velho PRP irá fragmentar-se, dando origem a várias formações partidárias, e esse fenómeno acabou por ser transmitido à Maçonaria, que conheceu a partir de 1913 convulsões internas e uma grave cisão, em 1914, que só foi solucionada em 1926, pouco antes do 28 de Maio, quando já era tarde de mais. Outras sociedades secretas existiram nessa época e aguardam um estudo mais profundo, da Legião Vermelha aos Cavaleiros da Luz.
Notícia do Jornal Público. Pode ver a notícia, AQUI
As sociedades secretas e a revolução
As sociedades secretas e a revolução


| NEWS | MYFRATERNITY | MAÇONARIA | MASONIC PRESS AGENCY | || www.myfraternity.org ||

Comentários

Mensagens populares deste blogue

JUSTICIA MASÓNICA… | @ Amando Hurtado

JUSTICIA MASÓNICA… Nuestro ascenso iniciático hacia lo desconocido se realiza dentro de y a través de la Naturaleza de nuestro universo, cuyas leyes y fenómenos nos van revelando el camino hacia el deseado descubrimiento y comprensión de un superior Trazado o Ley universal, que contiene la esencia del Principio creador. Los símbolos que nos ha legado la Masonería tradicional, tomados prioritariamente del oficio de unos constructores ennoblecidos por su trabajo, conjugan la capacidad de reflexión y meditación con la capacidad de iniciativa y de acción humanas, proporcionando a los masones un medio ideal para ir más allá de lo evidente, en su camino hacia una frontera que llamamos "perfección", conscientes de la limitación que corresponde a nuestra naturaleza. Hoy nos encontramos frente al imperativo moral de preparar al hombre del siglo XXI para ayudarle a sortear los riesgos que representan tanto la indiferencia social como los fundamentalismos. Pero para prosegu

«UM MAÇON NO INFERNO», por José Carlos Albuquerque

UM MAÇOM NO INFERNO Certa vez, numa Sessão Maçônica, um Aprendiz perguntou a um dos decanos da Loja: ___ "Mestre, porque existem Irmãos que saem facilmente dos problemas mais complicados. enquanto outros sofrem por problemas muito pequenos e morrem afogados num copo d'água ?" O sábio Mestre, que recebeu a pergunta, sorriu, coçou o queixo e contou uma estória: ___ "Um Maçom, que viveu toda sua vida fiel aos preceitos da Maçonaria e aos ditames do Grande Arquiteto do Universo, passou para o Oriente Eterno. Todos os Irmãos da sua Loja disseram que ele iria para o Céu. Tinha sido um Irmão exemplar, bondoso, caridoso, solícito, estudioso, cumpridor dos seus deveres, certamente só poderia ir para o Céu e ficar ao lado do Grande Arquiteto do Universo. Entretanto, quando da sua chegada ao Céu, houve um erro..... O Anjo Irmão, da secretaria que o recebeu, examinou as pranchas de registro Maçônico e não encontrou o nome dele na lista de Obreiros. Orientou, ent

Pragas Maçônicas: - Falta de coragem moral e egoísmo, assim são as pragas maçónicas

A última das pragas desta primeira parte é certamente a mais daninha, mais decepcionante. A priori pode parecer que não. Mas por sua indiferença, falta de coragem moral e egoísmo são tão culpados quanto as outras pragas pelo que de ruim acontece. "Eu não vim para a Maçonaria para me aborrecer", dizem eles. Olham para o outro lado, fingindo não ver injustiças e ingratidões. Botam a culpa nas sindicâncias, nos padrinhos ou nos outros, nunca neles mesmos... Só têm uma única virtude: servem para contrastar com aqueles que encarnam os verdadeiros princípios de nossa Ordem: Irmandade, Amparo e Verdade. Pragas Maçônicas: - Falta de coragem moral e egoísmo, assim são as pragas maçónicas | NEWS | MYFRATERNITY | MAÇONARIA | MASONIC PRESS AGENCY | || www.myfraternity.org ||

Pragas Maçônicas | Ratazana de Malhete | Há irmãos que não são assim tão irmãos... | Mas nada impede de nos divertirmos às custas deles, concordam?

Bem, antes de descansar, vou apresentar a vocês uma nova série. Como Maçonaria para mim é alegria, em nome da tal Tolerância tão afamada, muita vezes a gente convive com Irmãos que não são tão Irmãos assim, sabem como é. Mas nada impede de nos divertirmos às custas deles, concordam? Bem, aqui vai a primeira, Ratazana de Malhete. Tenho mais duas prontas, o Avestruz de Avental e o Urubu de Alfaia. Se lembrarem de mais pragas, sugiram novas charges... Assim a gente mostra a esses fanáticos políticos e religiosos que Maçonaria não é conspiração para dominar nada nem ninguém. Somos livres e de bons costumes até para criticar quem está no topo da escada... @ João Ribeiro Pragas Maçônicas | Ratazana de Malhete | Há irmãos que não são assim tão irmãos... |  Mas nada impede de nos divertirmos às custas deles, concordam? Pragas Maçônicas | Ratazana de Malhete | Há irmãos que não são assim tão irmãos... |  Mas nada impede de nos divertirmos às custas deles, concor

Interesting to observe that the lady masons who are grand officers still wear gauntlets as part of their regalia.

Interesting to observe that the lady masons who are grand officers still wear gauntlets as part of their regalia. Interesting to observe that the lady masons who are grand officers still wear gauntlets as part of their regalia. | NEWS | MYFRATERNITY | MAÇONARIA | MASONIC PRESS AGENCY | || www.myfraternity.org ||

LA REGULARIDAD MASÓNICA

LA REGULARIDAD MASÓNICA Reflexión. Mi concepto de la regularidad masónica no es exclusivista, ni derivado de determinados planteamientos histórico-administrativos, sino metodológicos : la regla es el “Rito” entendido como método de trabajo. La Tradición masónica se transmite en clave de símbolos enlazados ritualmente y no aislados. Hay que lograr percibir, desdoblar e interiorizar aquellos valores específicos de los símbolos que pueden hacer que la Masonería alcance su final idad esencial: la unión fraternal de personas que, de otra forma, no lograrían coincidir. Si aceptamos que “los dogmas son un fundamento o punto capital de todo sistema”, como explica el diccionario de la Real Academia, es evidente que los masones aceptamos también ciertos “principios”, sin los cuales la Masonería no existiría, como son la capacidad evolutiva del Hombre, su interés por el descubrimiento y conocimiento de las verdades y su búsqueda del Amor, en sus diversas acepciones. Todo ello res

Freemasonry - Photo - Freemasons | Masonry

Freemasonry - Photo - Freemasons | Masonry  NEWS | MYFRATERNITY | MAÇONARIA | MASONIC PRESS AGENCY | || www.myfraternity.org ||

Grande Loja Maçónica do Estado de São Paulo, Brasil | IMAGEM

 Grande Loja Maçónica do Estado de São Paulo, Brasil | IMAGEM | NEWS | MYFRATERNITY | MAÇONARIA | MASONIC PRESS AGENCY | || www.myfraternity.org ||

ALTO GRAU 28º. – CAVALEIRO DO SOL ou PRÍNCIPE ADEPTO DO REAA. - RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO |@ Jacinto Alves

ALTO GRAU 28º. – CAVALEIRO DO SOL ou PRÍNCIPE ADEPTO DO REAA. - RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO O Grau 28º. Do REAA – Cavaleiro do Sol ou Príncipe Adepto, é um Alto Grau dedicado ao Sol considerado o Astro-Rei do nosso sistema planetário e aqui lembramos o culto espiritualista do Faraó Akhenaton dedicado à estrela solar e que foi a primeira religião monoteísta da Humanidade e geradora das grandes religiões do Cristianismo, do Judaísmo e o do Islamismo. Este mesmo alto grau do REAA dá uma importância fundamental ao Sol como sendo a fonte de todas as energias que o nosso planeta recebe, dando origem à vida existente na Terra. Trata-se de um Grau Filosófico r epresentativo de todas as energias superiores existentes no nosso Sol e no Universo em geral! Jacinto Alves, Escritor e Ensaísta. ALTO GRAU 28º. – CAVALEIRO DO SOL ou PRÍNCIPE ADEPTO DO REAA. - RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO | NEWS | MYFRATERNITY | MAÇONARIA | MASONIC PRESS AGENCY | || www.myfraternity.org ||

É por isso que há homens que no mundo vivem, E homens que vivem no mundo mortos. | Poema

Eles não são os mortos Não são os mortos que em doce calma A paz desfruta do seu túmulo frio, Mortos são os que têm morta a alma E eles vivem ainda. Não são os mortos, não, os que recebem Raios de luz em suas miudezas yertos, Os que morrem com honra são os vivos, Aqueles que vivem sem honra são os mortos. A vida não é a vida que vivemos, A vida na honra, é a lembrança. É por isso que há homens que no mundo vivem, E homens que vivem no mundo mortos. Gustavo Adolfo Bécquer É por isso que há homens que no mundo vivem, E homens que vivem no mundo mortos. |  Poema No son los muertos No son los muertos los que en dulce calma la paz disfrutan de su tumba fria, muertos son los que tienen muerta el alma y viven todavia. No son los muertos, no, los que reciben rayos de luz en sus despojos yertos, los que mueren con honra son los vivos, los que viven sin honra son los muertos. La vida no es la vida que vivimos, la vida en el honor, es e