O
TEMPLO MAÇÓNICO, por Armando Silva
ARTIGO: - Como é evidente, Templo está ORIENTADO,
ou seja, está traçado no chão de maneira a ter o topo virado para o Oriente (o
lugar onde nasce o Sol e, por consequência, a Luz).
O Templo Maçónico | Artigo |
Nos dias de hoje, em que as Lojas se
reúnem em Templos situados no interior de edifícios construídos com objectivos
profanos, não é fácil orientar de facto o Templo. A sua orientação é simbólica
(e no entanto real).
O Aprendiz deve ser capaz de
interiorizar as direcções e os pontos cardeais no Templo, pois estes
correspondem a tónicas de energia que se manifestam durante o ritual. As
direcções simbólicas estão também relacionadas com a representação de estruturas ocultas
a nível planetário, que mais tarde serão perfeitamente visíveis, e que estão
expressas no Templo, pois este é um modelo do Cosmos e contém em si todas as
estruturas arquetípicas do Macrocosmos.
Os Aprendizes tomam assento na
fila de três da Coluna Norte, aquela que está do lado da Lua. Porquê?
Pois bem, simbolicamente o Aprendiz acaba de morrer para o mundo profano e está
em gestação para um novo nascimento como um Novo Homem. Essa gestação dá-se,
num primeiro tempo, no seio da Mãe arquetípicas, a Virgem Mãe, a força passiva
e receptora (tal como o embrião é passivo e receptor). Em termos simbólicos a
força feminina é representada pela Lua (que vemos ser pisada pela Virgem na
iconografia tradicional).
Note-se que este simbolismo (do qual
estes são apenas ínfimos pormenores) tem implicações físicas e reais, com
efeitos verdadeiros e palpáveis naqueles que o deixam fluir.
Na mesma coluna Norte está o 2º
Vigilante do Templo. Ele está no enfiamento do lugar ocupado pelos Aprendizes,
tendo por isso uma posição privilegiada para os observar. E sua função vigiar
os Aprendizes e providenciar que o seu trabalho seja bem executado.
Ainda no Norte, mas desta vez sobre o
Oriente, encontra-se o Secretário. É curioso notar a razão da sua colocação do
lado Norte (o lunar). Ele é o Irmão que regista as actas das sessões, é a
memória da Loja.
Mas, enquanto que o Orador (situado
junto ao Venerável Mestre, a Sul, na Coluna Solar) tem um papel activo, quando
necessário, o de voz do Venerável (papel aliás concordante com o carácter
activo do Sol), já o secretário é a “voz” escrita (e por
isso passiva) da Loja. O seu papel de memória liga-o profundamente à Água, como
o suporte da memória do mundo, as Aguas Primordiais onde reside o registo de
tudo o que foi, é e será. Nada, como podemos ver, é casual nesta localização.
Como se pode observar pelo esquema,
esta é a estrutura da Coluna Norte do Templo.
A Sul sentam-se os Companheiros. No
topo Ocidental da Coluna Sul está o Irmão lº Vigilante, que tem como
função a verificação
do trabalho dos Companheiros. No topo Oriental está,
colocado em frente ao Secretário, o Irmão Tesoureiro. Mas uma observação mais
atenta pode-nos mostrar que existe mais uma “coluna" no Templo.
Trata-se do eixo central, onde encontramos o Mestre de Cerimónias (no Ocidente,
entre os dois Vigilantes), o Venerável Mestre (presidindo á Loja no Oriente) e
o Pavimento de Mosaico (que por vezes cobre todo o chão do Templo) onde se
encontra o Quadro de Loja rodeado por três candelabros.
E no que respeita à orientação do
Templo, para já, é suficiente para
uma correcta compreensão
da organização do Espaço Sagrado que é criado através do uso do ritual.
Mais dados podem ser encontrados (aliás de grande importância) no Catecismo
do Aprendiz (a ser distribuído à parte, juntamente com o ritual).
Cada um dos Irmãos que foi designado
faz parte do Colégio de Oficiais da Loja. No nosso Rito, os principais Oficiais
da Loja são os seguintes: Venerável Mestre, lº Vigilante, 2º Vigilante, Tesoureiro,
Secretário, Orador, e Mestre de Cerimónias. Todos os Oficiais da Loja se
distinguem por um colar de funções próprio.
Todos os símbolos que se
encontram no Templo são de especial importância para focar a atenção dos
participantes no ritual, sobre ideias que permitam a ponte entre o mundo da
Matéria e o do Espírito. Mas de entre todos eles, há alguns que devem ser alvo
de especial atenção por parte do Aprendiz.
Como já vimos, no centro da
Loja, no lugar onde todos os eixos se cruzam, está o Quadro de Loja. É uma das
peças de meditação mais importantes que está no Templo.
Os Aprendizes devem centrar a sua
atenção no simbolismo do Quadro e procurar, por si mesmos, apreender a sua
importância.
Outro dos símbolos que já vimos ser
muito importante para a compreensão do papel simbólico do Aprendiz é a Lua.
Relacionada com ela, no que diz respeito à nossa Tradição (a de raiz cristã
esotérica) está a Virgem Mãe, a Água, o Leite, a Árvore, S. Jorge e o Dragão, a
Terra, a força passiva e receptora, o próprio Santo Graal (como recipiente) e
os mitos da Criação (entre outros).
Fulcanelli, o famoso Alquimista,
mostra-nos a Alquimia como sendo uma Dama. Michael Maier, no seu 420 emblema,
apresenta-nos a mesma figuração. E famosa a Dama da catedral parisiense, que
tem dois livros na mão, um aberto e outro fechado. Não pode deixar de se
relacionar esta imagem com o simbolismo da Lua, pois a Lua é uma Dama que tem
quatro fases, agrupadas duas a duas. A Cheia e a Nova ( vazia ), que
são os dois contrários, o livro aberto e o fechado, o da Luz manifestada e o da
Luz oculta. O Quarto Crescente ("enchimento") e o Minguante ("esvaziamento"),
duas fases de transição entre as duas essa razão primeiras. O Crescente é o
passar das trevas à Luz. Por, essa rasão a Lua deve ser sempre representada no
seu Quarto Crescente e, como o Sol faz todo o seu percurso no Céu pelo Sul (facto facilmente constatável com uma simples
observação), ela fica a Norte.
Tal como a Lua não tem Luz própria,
apenas reflecte a do Sol, o Aprendiz está no caminho entre a Lua Nova e a Lua
Cheia (grávida) através do Quarto Crescente, reflectindo a Luz que os seus
Mestres lhe dão.
A Lua representa a MATER, a Mãe,
do útero da qual é extraída a MATÉJUA. É a Natureza, que conserva no seu
interior o minério que o Alquimista extrai para a sua Obra. Essa extracção de
uma profunda fenda, em tudo se assemelha ao nascimento de uma criança que, da
Lua é dada ao Sol (na nossa Ordem representado pela passagem de Aprendiz a
Companheiro onde, plenamente, será apreendida a natureza metálica do seu Ser
que está, após recolhido da "mina", pronto para o início das
operações que o levarão ao estado de "Ouro").
O número 3 (três) é o número
característico do Aprendiz. Relaciona-se com
a Criação, com o
aparecimento da dualidade (em Génesis 1), bem como com as Leis
Universais acerca das manifestações de Energia. Um estudo sério e profundo deste
número pode proporcionar experiências cognitivas verdadeiramente únicas. Nele
reside uma das chaves do Universo.
Chama-se ainda
a atenção para o famoso Compasso e Esquadro. O Esquadro
representa o mundo Físico, rígido, denso, que define ângulos rectos (logo
expressão de estaticidade). O Compasso expressa a dinâmica, já que se pode
abrir em vários ângulos.
Assim, enquanto o Esquadro representa a
Terra, o Corpo Físico, o Compasso representa o Céu e a Alma. Quando o compasso
se sobrepõe ao Esquadro, significa isto que a Alma e as suas qualidade se
sobrepõem ao Corpo. Como é evidente, outras interpretações existem, e é
fundamental que cada um possa encontrar para si unia que seja coerente, ainda
que na aparência seja oposta às demais.
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O My Fraternity esclarece que os artigos de opinião representam a opinião do signatários.
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